Primavera de Marta - Mensagem do dia 02.09.2022
- Casa de Jesus

- 2 de set. de 2022
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O século de ouro, assim denominado por historiadores, tendo em vista a presença do estadista Péricles, foi de marcante passagem na construção da Grécia, especialmente em Atenas. Ocorreu cerca de cinco séculos antes de Jesus.
Meio milênio depois, o surgimento da mensagem cristã dividiria a história em duas e estabeleceria um marco inolvidável, fendendo o muro da evolução humana na Terra para sempre.
O Renascimento europeu, o advento da Reforma Protestante, o Iluminismo e o enciclopedismo, a Revolução Francesa foram tantos outros acontecimentos que deixaram marcas indeléveis nos delicados tecidos da trajetória do homem sobre o mundo.
Em pleno século XX duas grandes guerras, o uso de artefatos nucleares e a conquista da lua foram outros marcos de impacto em diversas áreas do conhecimento.
Ora, experimenta-se a convulsão das estruturas políticas, religiosas e psicológicas do planeta, afetando diretamente seus oito bilhões de habitantes. Ocorrências de grande porte sacodem periodicamente a mole da sociedade dos encarnados, como se a Divindade anunciasse, por grandes cataclismas a renovação do orbe, o arrancando de um estágio de primitivismo e barbárie para um incerto momento mais à frente.
Por toda parte incertezas e medo, inquietação e anarquia. Aos poucos momentos de alegria se seguem meses de sombras e aflição, onde fenômenos destruidores, naturais ou provocados pela intenção humana, se fazem agentes de amargura e luto, impondo deslocamento das massas de povo da zona de conforto.
Pandemias e guerras localizadas eclodem em meio a ingentes esforços pela paz e a corrida armamentista, que parecia superada, volta a ser destaque no cenário do cabo de guerra entre nações industrializadas e detentoras de ogivas de alto poder destrutivo.
Enquanto o cenário político mundial se nos afigura um xadrez complexo, onde um Estado busca aplicar o cheque-mate no adversário, aparentemente triunfando, o desassossego parece convulsionar as culturas, fazendo surgir em períodos próprios manifestações antes impensáveis.
Revoluções dos costumes.
Revisão de teologias bolorentas.
Adoção de novos paradigmas nas artes e nas ciências.
Mudança de estética corporal, ofertando a homens e mulheres novos espaços de apresentação do corpo como veículo de prazer sexual.
Resgate de alguns comportamentos considerados ultrapassados e abolição de outros tidos como obsoletos.
Fronteiras físicas são diluídas na virtualidade, distâncias são superadas por engenhos de alta tecnologia e a ciência médica logra triunfos invejáveis a cada dia.
Sem menosprezo a tão importantes acontecimentos, ainda persiste no cenário da vida terrestre o menosprezo ao imigrante, a intolerância religiosa, o terrorismo financiado por Estados teocráticos e a vulgaridade dos comportamentos alcança níveis chocantes.
Cada dia traz uma surpresa que fascina e duas que chocam. Ora se vislumbra que o homem avança a passos de gigante e em outros momentos tem-se a impressão que ele volve ao clima medieval.
A hediondez de alguns crimes, que até algumas décadas passadas chocava a sociedade começa a se banalizar, gerando uma estranha sensação de indiferença por parte de muitos, que começam a perder a capacidade da indignação.
A grande maioria simplesmente reage a estímulos, devolvendo violência a alguma agressão sofrida. Uma minoria age, pensando antes de atuar.
A dependência das máquinas, cada instante mais sofisticadas, tem amolecido a capacidade de muitos, os apalermando diante do cenário de horror que ora assalta a serenidade social.
Teorias de mudanças surgem pela manhã e evaporam no entardecer. Discursos inflamados parecem incêndio em pólvora seca. Muitos acham que chegamos no limiar da evolução histórica e doravante rumaremos para o caos total. Outros, situam o atual momento como limite entre um ciclo e outro, a se instalar em meio ao pandemônio mundial.
Quais certezas sustentar em plena convulsão? Se a barca planetária tem seus mastros estalados no seio da tempestade destruidora, a marujada parece enlouquecida no olho do furacão e as vagas medonhas surgem como goelas insaciáveis, prenunciando o fim, para onde ir e a quem buscar ajuda?
Um poderoso filtro parece selecionar quem fica e quem desembarca. As próprias placas tectônicas parecem vomitar a ingratidão e a rebeldia dos filhos da Terra, depois de milênios de exploração predatória, ora culminando numa intoxicação sem precedentes. De veias entupidas por esgotos e o ar empestado de gases venenosos, Gaia reage em estertores descomunais, buscando restaurar o equilíbrio violado pela ação humana descontrolada.
Um abismo parece se abrir, devorando incontáveis de uma só vez, e em outros momentos age de maneira paulatina, metódica.
Ter segurança emocional, lucidez religiosa e fé raciocinada são ferramentas imprescindíveis nesse momento amargo e difícil da conjuntura mundial. Buscar a construção de pontes, que possibilitem aos extremos o diálogo nas bases da concórdia e da cooperação.
Aceitação das diferenças, ofertando acolhimento e simpatia a quem optou por diferentes caminhos.
Capacidade de resiliência.
Utilização da tecnologia de comunicação para insuflar esperança em tombados, ânimo a caídos e otimismo em contumazes pessimistas.
Dilatar a própria visão além das ocorrências materiais, buscando observar que depois das grandes contrações, a matriz terrestre pariu uma nova sociedade, que se refez na utilização dos escombros deixados pelas civilizações que desapareceram.
O caos de um período era apenas a arrumação para um novo tempo. O ônibus sacudiu os passageiros, mas não tombou do viaduto, chegando à estação de destino, onde alguns vão descer e outros subir, prosseguindo a viagem.
Para os cristãos não pode haver qualquer instante de dúvidas ou incertezas: o Cristo preside os rumos terrestres, autorizou e acompanha com Seu amor infinito as mudanças ora sentidas e prosseguirá amparando Suas ovelhas fiéis, as guiando em segurança para uma nova Jerusalém.
Berço é simples alfândega de entrada. Túmulo, estação de regresso.
A vida prossegue, o bem triunfa e o amor cobre sempre a multidão de equívocos.
Sigamos, pois, otimistas e cheios de bom ânimo!
Jesus espera.
Marta
Salvador, 02.09.2022



