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Primavera de Marta - Mensagem do dia 10.08.2022


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Viver é um enorme desafio, mas conviver parece ser bem maior.


Num tempo assinalado por desgastantes polarizações, onde o entrechoque de opiniões, muitas vezes, se degenera para conflitos inúteis e embates estéreis, o ser que se permite esse pugilato de natureza ideológica, via de regra, sai quase sempre ferido, machucado, igualmente machucando.


Velhos amigos, ao constatarem estarem em polos opostos, se digladiam nesse ou naquele terreno da política de César, permitindo que o escalracho da cizânia penetre a gleba fecunda do saudável convívio, turbando as águas com o lodo da agressividade.


As gerações tumultuadas, as famílias em desajustes diversos se permitem reproduzir, de maneira pálida, a constelação familiar do gênese, onde Adão reflete a inocência de quem ignora a companheira que a Divindade lhe concedeu, Eva é o reflexo da ingenuidade diante da astúcia da serpente e Caim esconde a vérmina da inveja do irmão Abel, a quem trucida num momento passional.


Sob o surto do despeito, fulmina o mano, tentando esconder a própria pusilanimidade na desfaçatez com que responde ao apelo divino acerca do paradeiro da vítima abatida.


As gerações de Caim.

As gerações de Abel.

Ainda imaturos no jogo das ilusões, nos deixamos arrastar por sofismas e aparências, como se o veículo orgânico fosse uma morada eterna, inexpugnável à ação do tempo. Em meio a um campeonato de insensatez e tresvario emocional, olvidamos os valores essenciais da vida para ofertar sentido àquilo que é passageiro.


Eis as passarelas do mundo, a exibirem os ídolos de barro, refulgentes agora e logo após derrubados pelo tempo, implacável dominador de homens e mulheres.


O poder econômico, em cima do qual o detentor se outorga estranha autoridade, para logo mais sucumbir às enfermidades cruéis, que ignoram os cifrões acumulados e zombam das terapias disponíveis.


Os títulos acadêmicos, ora em disputas renhidas no teatro das conveniências, qual se fosse uma espécie de selo que distingue os que mandam e os que obedecem, parecendo reviver os tempos da senzala ou os feudos da Idade Média.


O destaque no cenário da fama, onde o tapete vermelho dos astros e estrelas do cinema e da TV brilha num momento, e na intimidade da casa faustosa o ser desaba nas lágrimas pungentes da depressão arrasadora ou se permite a drogadição para anestesiar a dor moral que lhe consome as entranhas.


Em qualquer cenário da presente sociedade mundial, poderemos facilmente localizar o joio atrevido, insinuando-se no solo ubérrimo, onde medra, presunçoso.


Estende capilaridade, amplia ramas agressivas, entorpece consciências, ensombrando respeitáveis projetos. E ao lado da erva inútil, veremos algum trigo plantado por mãos incansáveis, que acreditam no triunfo da vida e na imortalidade da alma.


Passam ao largo dos aplausos e das câmeras de televisão.


Olvidam as homenagens efêmeras do mundo, buscando apenas o respaldo da própria consciência.


Investem em pessoas e talentos, e não em edificações transitórias do plano onde estagiam.


Se fazem arautos de um novo tempo, descompromissados das ufanias tão disputadas nesses tempos de aparências e pessoas-espelhos.


Repousam pouco e transformam o próprio cansaço em descanso para outros.


Nem sempre aderem a essa ou aquela denominação religiosa, fazendo do bem sua manifestação mais visível numa sociedade marcada por tantos contrastes.

Excesso de posse. Vazio existencial.

Mansões enormes. Poucos amigos.

Excesso de visibilidade e fama instantânea. Privacidade furtada, pânico na convivência e fragilidade nos relacionamentos interpessoais.


Se permite ser de todos e de si mesmo se perdeu.


Surge nos templos religiosos, mas a alma permanece vazia de metas e o coração sangra, sem afetos sinceros.


Até onde prestaremos tributo à vaidade?

Até quando nos faremos vassalos da própria imagem, ignorando a essência que somos?

Possuir o mundo e não ter controle das próprias emoções!

Ditar moda, inspirar legiões de seguidores, causar frisson nas aparições relâmpagos e na intimidade se esconder de todos, ocultando a instabilidade que assola o continente íntimo.


O raio x da atual sociedade impõe a todos nós duras reflexões. Temos que desenvolver a coragem de nos assumir filhos de Deus, em aprendizado no mundo, em trânsito para a vida espiritual.


A matéria é meio, não finalidade em si mesma.


O possuído não pode nos possuir.

Herdeiros do Pai, nossa herança é o universo.


Seres imortais, aqui estamos de passagem, importando que nada trouxemos no renascimento e nada material iremos levar por ocasião da morte.


Berço se torna porta de entrada no corpo. O túmulo, alfândega de saída da matéria.

Ninguém sai da vida, apenas se expressa ora numa densidade mais consistente, ora numa expressão mais rarefeita.


Já te permitiste estas reflexões?

Temes a morte?

Que te afigura a mensagem da cruz?

Onde situaste o próprio coração: nas arcas douradas das aquisições fáceis ou nos valores que transcendem as apreciações rasteiras?


Diante de ti mesmo, busca averiguar o quanto antes esse questionário. Das respostas, dependerá tua sanidade mental e emocional desde já.

Tardar pode ser desastrosa opção.


Marta

Salvador, 10.08.2022

 
 
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