Primavera de Marta -Mensagem do dia 12.09.2022
- Casa de Jesus

- 12 de set. de 2022
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Mesmo que não desfrute de plena lucidez mental no campo da percepção da realidade da vida, o Espírito viajor, nos círculos evolutivos da Terra, mantém certa intuição de que sua passagem pelo corpo é incessante aprendizado e que o planeta não foi nem será sua definitiva morada.
Nem sempre adepto de doutrinas religiosas ou filosóficas lúcidas, onde a fé raciocinada sobreleve o fanatismo e a teologia estagnada, o seu íntimo lhe oferta vaga, mas consistente certeza, de que após a travessia do sepulcro não estagiará num inferno sem remissão, nem se deterá num céu estanque, onde a virtude e a elevação se mantenham afastadas das lágrimas e gemidos dos infelizes.
Todas as estações corporais lhe são breves, à semelhança de estágios para a vida adulta. Uma infância, caracterizada como pausa indispensável nas lutas da alma, que ainda se desconhece e reclama orientação de pais e tutores, que agem como reformadores do caráter obtuso do ser em consolidação de valores.
Uma adolescência rica de aprendizado no interrelacionamento, na formação do caráter e na autoafirmação, se constituindo em etapa preciosa para acrisolamento de experiência e maturidade. E uma mocidade e madureza onde os embates se tornam constantes, quais afiadas navalhas, cortando excessos e podando galhos velhos e estéreis, mantidos pela vaidade e presunção. O ser tem, nesse período, mais clara visão da vida, sobretudo quando forma família, transferindo aos herdeiros suas próprias experiências.
E o crepúsculo da vida corporal parece ser a etapa derradeira, onde o viajante reflete sobre as eleições e escolhas que fez, constatando, não muito raramente, ter empregado vastos recursos de energia em relacionamentos interpessoais por capricho, atendido situações passageiras como se fossem prioridade absoluta e negligenciado questões de relevo e suma importância, agora tardiamente constatando que, o de que precisava saber para o grande regresso, ignora.
Dominou a muitos. A si mesmo, não governou.
Elegeu vícios como parceiros de jornada. As virtudes, ficaram perdidas no tempo.
Fez do corpo um templo que julgou inexpugnável, a ele se agarrando com loucura e paixão desmedida. Agora, constata, com desapontamento, que vagarosamente está sendo despejado do castelo de ossos, sem saber se habitará futuramente uma tapera ou um palácio.
Cultivou ferinos espinhos com esse ou aquele companheiro de jornada. Poderia ter cultivado um roseiral.
Acumulou incertezas em relação à vida futura. Agregou medos ilusórios ao mundo íntimo e se sente na grande estação de desembarque compulsório da maquinaria orgânica.
Qual a estação de destino?
Quem irá no mesmo trem?
Que bagagem acumulou durante a vida que possa apresentar como safra rica dos investimentos realizados durante a clausura corporal?
Mensagem portadora de incomum limpidez e segurança, as diretrizes de Jesus ofertam ao viajante a certeza de que todo aprendizado é aproveitado e qualquer migalha de amor se torna bênção luminosa, apontando rumos novos nas trilhas do destino.
Um sorriso gentil a alguém em luto ou tristeza profunda agora se converte em lembrança rica de emoções superiores.
Uma atitude em favor de uma pessoa desassistida ou prestes a sucumbir ao apelo suicida retorna como galhardão de serenidade e paz interior.
Uma existência calcada na ética e na honradez firma uma tranquilidade em relação ao pósvida, apresentando o decesso como simples adormecer, ensejando um despertar suave e feliz na vida nova.
Da retaguarda ficarão as lembranças boas, os amigos, os momentos ditosos, as ocorrências enriquecedoras.
O futuro se desdobra em novos e vastíssimos horizontes de possibilidades de trabalho, onde o ser se empenhará em mais servir e libertar outras vidas da ilusão e dos grilhões materiais.
Em percebendo tua marcha assinalada pelos equívocos e pelos desacertos, tem a coragem de estugar o passo e ressignificar tua caminhada.
Rompe com padrões cristalizados e, se tal atitude te custar solidão na ascensão, paga o preço de caminhar a sós do que se homiziar com estelionatários morais.
Resguarda teu patrimônio ético das quadrilhas da invigilância e da insensatez.
Prestigia a honestidade em meio a tantos corrompidos pelas facilidades do momento.
E quando a algazarra te ameace destroçar a harmonia íntima, refugia-te na oração e na ação do bem, escudos com os quais te defenderás dos tentáculos do mal.
Se pessoa alguma te seguir no esforço da ascese, marcha mesmo assim. Nem sempre contarás com simpatizantes aos teus ideais novos.
Jesus te segue desde o ontem distante, vem te inspirando nas lutas do hoje e te aguarda nos umbrais da vida eterna, após vencida a porta estreita.
Sê o vencedor sobre ti mesmo e nada mais poderá te deter na ascensão aos cimos da vida maior.
Marta
Salvador, 12.09.2022



