Primavera de Marta - Mensagem do dia 13.10.2022

Sempre foi objeto da medicina o estudo do funcionamento do corpo, bem como a restauração da saúde após a invasão microbiana que o atinge periodicamente.

Ao direito cabe a tarefa de analisar os códigos, os diplomas legais, buscando socorrer e orientar os que naufragaram no cumprimento dos ditames legais junto à sociedade onde convivem.

À pedagogia foi outorgada a tarefa de melhorar continuamente os métodos de estudos e a arte do aprendizado, extinguindo entre os homens o flagelo da ignorância.

Coube à filosofia estimular o debate e favorecer a compreensão e o aclaramento das incógnitas que tem marcado a cultura de todos os povos.

A psicologia tem buscado, com agudeza e perseverança, entender a matéria prima de Deus: o Espírito imortal que somos. Muitas vezes, sai da vigília e penetra a noite densa dos instintos, se permitindo arrastar por viciações que já deveria ter superado na esteira da evolução.

Ainda se tem muita dificuldade de compreensão do porquê o ser humano se entrega, de maneira prazerosa, aos comportamentos indignos, geradores de prejuízos presentes e futuros, como que olvidando das consequências de seus atos.

A prática sistemática da dissimulação, patrocinando uma personalidade falsa, que escamoteia e mente, dissimula e dilapida o patrimônio moral de outras pessoas.

Qual a razão (ou razões) que levam o ser ao paul do fanatismo, da intolerância religiosa, patrocinando uma existência onde o indivíduo está sempre armado contra aqueles que não comungam de sua visão distorcida?

O serial killer, que se faz uma teratologia ambulante na sociedade, extinguindo vidas em surtos de loucura.

O político desonesto e corrupto, que dá vazão ao seu jogo sutil de manipulação de vidas, desvio de recursos públicos, ignorando as necessidades populares, que estorcegam nas agonias e aflições as mais cruéis.

A vigília sobre a sombra que ainda reside em nós não somente se esclarece como sendo a ausência de sono. Dormir é fundamental para recuperação das engrenagens orgânicas, permitindo que o psiquismo goze de emancipação dos grilhões físicos, interagindo com outros seres já desvestidos de matéria densa. O sono, aqui referido, diz respeito ao não despertamento do ser para a realidade da vida, seus mecanismos de evolução e suas mudanças ciclópicas, que não se ajustam aos comportamentos viciados por escolha ou comodismo.

A vida, seja ela no corpo ou fora dele, transcorre exuberante e intensa, impulsionando o ser por aguilhões e ferramentas várias à renovação incessante.

A dor obriga o atingido a buscar ajuda.

A solidão gera incertezas e dilata as fronteiras da solidariedade.

A amizade sincera produz gentileza e patrocina a capilaridade com outros corações sintonizados no mesmo ideal.

Igualmente, o ódio atrai pensamentos de igual quilate, o desejo de vingança gera fluxos vibratórios que sintonizam com equivalentes e a tirania aproxima comparsas e cúmplices para o sombrio jogo da manipulação do transitório mando terrestre.

A vigília a que se referia Jesus diz respeito justamente a esses algozes implacáveis da alma, convocando o aprendiz a estar sempre em guarda na proteção e resguardo de seu patrimônio moral, dilatando a luz do discernimento e amplificando a capacidade de servir.

No sono ou torpor espiritual, o ser nega a si mesmo a bênção da luta, o clima saudável da meditação e se evade, com justificativas vazias, da oração, que lhe permitiria iluminar o mundo íntimo, facultando melhor compreensão dos mecanismos da vida.

Uma vida honrada se ergue a duros esforços de muitos anos. Décadas de comportamento digno, cumprimento de deveres, prestação de serviço desinteressado, abnegação em favor de causas humanitárias, convivência pacífica com diferentes e resiliência nas adversidades.

Para jogar tudo isso no lixo, basta uma frase infeliz, um pacto com equivocados, uma negligência diante de um dever, um olhar omisso, uma indiferença para com a injustiça cometida.

Tivesse o Cristo cometido uma só atitude contrária ao projeto de Deus e seus adversários teriam hoje motivos para arrancá-lo das páginas da história, o situando como revolucionário vulgar dentro da cultura israelita. Porque íntegro, coerente no proceder, silente em algumas situações armadas pela astúcia de seus adversários e enérgico em denunciar a hipocrisia dos muitos sepulcros caiados que O seguiam, não com o intuito de serem Seus discípulos, mas de atalaia para O surpreenderem em algum deslize, Ele foi temido por Sua coragem em identificar o torpor espiritual e moral da sociedade misógina, preconceituosa e machista de Seu tempo, ainda perdurando até os dias correntes em grande parte.

Ele permanece a rocha dos séculos, a luz do mundo e o único ser em completo despertamento.

N'Ele, cessaram-se os processos.

Enquanto a grande massa corre atrás de luzes externas, geradora de sombras, Ele proclama a necessidade de se buscar acender as claridades íntimas.

Quase todos correndo atrás das posses transitórias. Ele, chamando os irmãos para observarem a simplicidade dos lírios do campo.

Incontáveis lutando por ouro e prata. Ele, livre das moedas escravizantes, alçado por Deus como Governador da Terra em transição.

Bilhões de habitantes do orbe em sono profundo, cultivando pesadelos atrozes. Ele, anunciando a alva do Seu Reino, chamando os interessados em descer à Sua vinha para os labores edificantes.

Não é de hoje que Ele te convida. Na esteira de milênios de lutas inglórias, quedas desastrosas, traições infames, Ele era sempre a derradeira esperança.

Na noite mais escura, era e permanece sendo a estrela solitária em tua madrugada vazia, apontando rumos libertadores.

Vens agora ou vais aguardar um pouco mais?

César ou Ele?

Onde tens investido mais: em teus interesses no mundo ou em tua vida futura?

Sono ou vigília?

É, bem sabes como a decisão é difícil, mas ninguém poderá fazer por ti a escolha.

A decisão é inteiramente tua.

Marta e Henrique de Luna.

Juazeiro, 13.10.2022