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Primavera de Marta -Mensagem do dia 15.07.2022



Em meio à dura realidade da vida material, o Espírito trafega em busca de sua identidade, despojando-se das amarras da ilusão.


Desde que começou sua longa jornada nas trilhas insondáveis da evolução, agregou conhecimentos, que dissipou a ignorância, viveu e vive sensações, que amadurecem os sentimentos, a lhe povoarem a casa mental em forma de anseios e buscas emocionais. Mas como ainda é portador de uma percepção muito precária da existência, quase sempre centrada no escafandro carnal que ocupa por algumas dezenas de anos, ignora na sua maior parte a realidade espiritual que o reveste e lhe daria outro sentido existencial. E a ilusão passa a ser uma arena de teatro onde vive muitos papéis num só ato de performance de peregrino da estrada evolutiva.


Pranteia suas perdas afetivas e sentimentais, considerando equivocadamente que a morte seria a extinção dos afetos que julga amar.


Ferido, transforma as chagas em mágoas, a raiva em ódio e se faz perseguidor de adversários e desafetos, buscando eliminá-los do caminho.


Abre mão do sentido existencial mais profundo quando se vê privado de penduricalhos materiais, a que empresta valor superlativo e indispensável.


Do medo, porque não equacionado pela razão embotada e infantil, ainda refém de crenças e superstições, gravita para o pânico, desenvolvendo fobias e síndromes que o enfermam nos tecidos sensíveis da alma.


Torna-se religioso, olvidando o sentido profundo da religiosidade, que o faria liberto dos mitos para a vivência da transcendência, de que foge, com receio de iluminar-se interiormente.


Estorcega no pesadelo da posse transitória, sempre temendo perder o que nunca foi seu, nem poderá ser.


De certa maneira, a ilusão passa a ser um castelo onde se oculta da realidade, buscando preservar seus brinquedos transitórios, que a vida empresta para o desiderato da evolução e retoma em momento oportuno.


Impostergável se faz despertar do letargo emocional e psicológico a que jaz submetido, acordando para a dinâmica que o cerca, compreendendo as ocorrências da existência como etapas que lhe compete vencer com esforço próprio, lutas íntimas contra as imperfeições e construção paulatina de relacionamentos saudáveis na pauta da convivência.


A descoberta de si mesmo se impõe como meta que não pode ser indefinidamente ignorada, caminhando-se às escuras, desconhecendo de onde procede e para onde está seguindo. O contínuo contato com a fantasia e a manutenção e nutrição de uma permanente vida ilusória produzem uma cegueira de graves consequências, empobrecendo a alma de recursos indispensáveis à sua maturidade para enfrentamento lúcido das incógnitas do destino.


Faz-se infantil nas atitudes.

Superficial no conhecimento.

Líquido nos relacionamentos.


E não seja de estranhar toda uma geração centrada unicamente nas sensações corporais, como se o veículo orgânico fosse o senhor da existência e o ser imortal tão somente seu apêndice, que a morte descarta e consome sem qualquer piedade.


Sob essa ótica, as modernas correntes da psicologia, equacionando lentamente esse ser complexo, tentam lhe ofertar um sentido existencial, desvelando aspectos da vida que até então estavam cobertos pelo manto da fé cega, da ignorância da psiquê e sua interação profunda com as Divinas Leis, ínsitas no âmago profundo da criatura humana.


Um novo horizonte começa se desenhar no futuro desse atormentado e inquieto investigador dos enigmas do cosmo.


Devassa astros a milhões de quilômetros da Terra e não tem coragem de penetrar os centímetros de sua própria realidade interior.


Desce aos abismos oceânicos e ignora suas fossas morais.


Escreve milhões de livros, onde pereniza a cultura e a filosofia, mas foge do silêncio que o convida ao autoexame.


Toma decisões sobre o destino de terceiros, e a si próprio entrega aos disparates, como uma pátria sem governo.


O homem ainda não se conhece. Seu maior desafio continua sendo ele mesmo.


Jesus, o maior psicoterapeuta da história universal, percebeu essa nossa névoa, a nos empanar a visão da realidade da vida e tentou de muitas formas nos trazer de volta ao sentido profundo do existir, nos deixando as mais salutares diretrizes para o viver e o morrer.


Desvelou nossa imortalidade ignorada.


Ressignificou o sentido que tínhamos de Deus.


Nos abriu o coração ao sentimento profundo do amor para que a ilusão não nos destruísse o sentido existencial.


E nos ensinou como atravessar as labaredas do sofrimento, extraindo das ocorrências contrárias aos nossos interesses mesquinhos sublimes lições para uma vida sem fantasias e ufanias passageiras.


Fez-se um paradigma inesquecível. E quanta falta faz a esta sociedade mergulhada no oceano das águas ácidas do materialismo asfixiante!!


Não adies teu despertar.


Vale-te do presente ensejo e investe tuas melhores intenções e energias no acordar do pesadelo que a tirania da carne te impôs até aqui.


És uma alma livre, em estágio de aprendizado nos círculos da matéria transitória.


Teu fanal reside nas estrelas.


És um diamante bruto, que a terra acolheu como carbono virgem e converteu em gema suja, ora atravessando a lapidação e o esmeril das ocorrências evolutivas, a te libertar das cangas inúteis para que possas resplandecer o fulgor dos sóis, iluminando tua rota para a vida plena.


Esta, tua realidade.

Tudo mais, ilusão.


Marta

Salvador, 15.07.2022

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