As dúlcidas vibrações do Natal começam a fazer eco entre as criaturas, faltando pouco mais de um mês para o natalício do homem que mudou o curso da história.
Mesmo considerando um percurso de tempo de vinte séculos, Sua mensagem ainda sensibiliza e emociona corações onde quer que seja contada. Em lares modestos ou principescos, na favela ou no apartamento de luxo, qualquer referência ao Seu nome cria uma aura de respeito e admiração.
Em visitando os homens e mulheres, Ele optou pela simplicidade de uma manjedoura improvisada numa gruta, entre animais e tão somente na presença física do genitor.
Tudo respirava silêncio naquela noite distante de Belém de Judá. Difícil imaginar que aquela criança portava admirável mensagem e causaria uma profunda mudança na vida da Terra.
Mesmo depois de tanto tempo, o vigor de suas diretrizes e o impacto nas almas permanece um desafio em sua interpretação no curso das existências.
Déspotas e césares, tiranos e filósofos, educadores e religiosos jamais O igualaram na distribuição de uma riqueza que transcende qualquer tesouro material. Igrejas e ideologias de natureza religiosa se edificaram à sombra de Seus ensinos, conseguindo diminuir a ânsia belicosa da criatura humana. Seu natalício ainda possui o condão de reunir divergentes em torno da mesa da fraternidade, edificando uma ponte para diálogos inter-religiosos, onde a intolerância e o sectarismo sejam deixados de lado, em nome da harmonia entre os povos e as nações.
Certamente permanece ainda o desafio de interpretar Suas falas, quase sempre construídas com um significado muito profundo, muito além do texto vazado. E sobre esta plataforma, que permite muitas interpretações, ergueu-se no mundo variadas confissões e crenças, onde Ele pontifica como Mestre e Senhor, como que avalizando, em nome de estranhos procuradores, esdrúxulas leituras.
Ao lado da letra que mata, resiste o Espírito, que vivifica.
Ele jamais falou para corpos, tabernáculo do ser em trânsito pelas experiências materiais. Seu foco foi sempre e continua sendo a alma, essência divina em aperfeiçoamento incessante.
E quanto mais se lhe estuda e medita a biografia, grafada por quatro amigos diferentes, mais se destaca Sua coerência, se opondo a esses dias que atravessamos, ainda tão assinalados por embates e conflitos violentos na área religiosa.
O período natalino consegue, de uma forma surpreendente, levar o indivíduo a rever a própria conduta, mesmo que a festa mundial esteja muito alterada em função de uma filosofia existencial centrada no materialismo sufocante.
E considerando que após quase 36 meses de pandemia, milhões de óbitos e distanciamento social, existe uma ansiedade geral, qual bolha prestes a se partir, criando uma expectativa do melhor período dos últimos quatro anos para compras sem limites.
O investimento D'Ele sempre foi no ser, a fim de que cada um buscasse iluminar-se por dentro, não importando as sombras externas.
Criou pontes imateriais para o perdão.
Fez-se semeador da esperança e do trigo de Deus.
Renovou a fé na vida futura, comprovando-a com a própria ressurreição ao terceiro dia.
Demonstrou irrestrita confiança em Seu colegiado, resgatando Seus amigos do medo e infundindo em cada um o estímulo para se fazerem arautos de um novo tempo.
Tornou Seu madeiro símbolo perene de resistência pacífica e silenciosa contra o mal.
Permanece inesquecível.
Tens todo o direito de enfeitar teu lar com essa ou aquela guirlanda singela. Colocar na sala, entre arranjos de festões e bolas coloridas, um pinheiro que recorde a noite de Seu nascimento, mas não te faças prisioneiro voluntário da massificação da festa, que em muitos lares perdeu o sentido profundo.
Na noite santa, congrega teus afetos em torno da mesa, distende uma página que O evoque e resgata o texto de Mateus que narra a madrugada de Sua chegada ao mundo.
Deixa que cada um extravase suas impressões sobre o significado desse acontecimento no mundo íntimo.
Reflete, conjuntamente, sobre a importância de se manter viva a memória coletiva em derredor da doutrina de que Ele se fez embaixador.
Exalta, na noite sublime, o amor de Deus pelos filhos na Terra, vestindo de carne a entidade mais nobre e evoluída que já veio ao nosso orbe, portando uma revelação que alterou completamente os rumos das vidas a quem Ele conseguiu tocar.
E te darás conta que o Natal vai muito além de perus abatidos, mesa farta ou troca de presentes. Transcende ruas iluminadas por milhões de microlâmpadas ou lojas de departamento entupidas de consumidores vorazes.
Ela é, acima de tudo, Ele nascendo e renascendo, a buscar acolhimento e abrigo na maternidade de cada coração, renovando em cada ser a esperança de dias melhores, nos fazendo outra vez escutar a balada dos seres alados:
- Glória a Deus nas alturas! Paz na Terra! Boa vontade para com homens e mulheres!
Façamos Ele nascer e renascer a cada dia, perenizando esse e os futuros natais.
Marta
Salvador, 17.11.2022