Não se pode estabelecer, com absoluta clareza, qual a maior urgência da criatura humana nesse pico de evolução alcançado. Aos olhos da grande maioria, a civilização logrou atingir um patamar jamais imaginado em séculos anteriores.
Em todos os continentes e povos paira, de alguma forma, a tecnologia e a ciência, a cultura e o desenvolvimento, favorecendo comodidades e solucionando graves problemas, outrora insolúveis. Com as ferramentas da medicina e da higiene, conseguimos erradicar inúmeras enfermidades que dizimavam milhões em milênios já vencidos. Arrancamos do chão os grãos e as sementes que baniram a fome de incontáveis bocas, e construimos moradia para a maior parte da população terrestre.
Entretanto, se no campo das conquistas materiais nossos avanços ultrapassaram fronteiras jamais imaginadas, outros desafios surgiram, desequilibrando a balança da evolução e nos encurralando contra a parede.
Presentemente, viceja grande inquietação nas almas em torno das problemáticas causadas pela depressão, as vítimas da ansiedade, os escravos voluntários de vícios diversos e as enfermidades de natureza emocional, dilatando os estudos além da aparelhagem orgânica.
Se os laboratórios conseguiram equacionar os 118 elementos da tabela periódica, manipulá-los para atendimento da química, ainda não se achou fórmula capaz de devolver o sentido existencial aos amargurados e tristes.
Sorrisos na TV bem remunerados nem sempre conseguem arrancar os reféns da angústia, que atravessam a noite das agonias indecifráveis.
Presentemente, a competição no mercado de trabalho movimenta bilhões de seres humanos, em lutas tirânicas por aquisição de conhecimentos técnicos que os coloquem em posição vantajosa perante os demais, mas quando conquistado o tablado da fama ou o pináculo da glória financeira, sucumbe o triunfador aos conflitos da própria alma, despencando no turbilhão do medo e das aflições devastadoras.
As celebridades causam furor por onde passam, atraindo olhares curiosos e mídia voraz, mas cada um carrega consigo enigmas que o dinheiro não resolveu e inquietações que espancam o sono.
Mesmo quando se adota uma crença religiosa, se o adepto não consegue penetrar seu conteúdo espiritualizante, costuma se perder nas práticas externas e se confundir nos dogmas engessados.
Sem refletir de onde veio e para onde vai, desorienta-se nas trilhas percorridas.
Sedento de respostas, possui apenas muitas dúvidas e o materialismo abraçado não lhe preenche os imensos vazios do pensamento.
Luta cada vez mais por espaços externos, rompendo fronteiras, mas a si mesmo desconhece.
Para todos nós, as ovelhas perdidas da casa de Israel, veio Jesus trazer um fio de orientação. Nada propôs que não possa ser vivenciado no cotidiano. Não nos deixou qualquer herança que não possa ser aproveitada no campo dos sentimentos.
Seus ensinos são simples. Sua pedagogia está ao alcance de todos.
Sua didática impressiona pelo impacto que provoca nos corações.
Não propõe que se triunfe no mundo, mas que se ilumine o mundo interior ainda em sombras.
Quem D'Ele teve notícias, nunca mais foi o mesmo. E quem seguiu Seus passos, compreendeu o sentido existencial.
É possível que estejas atravessando o saara de tuas incertezas, o mar morto de tuas esperanças, o atacama de teus valores e galgando o Everest de teus sonhos, mas perdeste o rumo e a direção.
Estuga o passo apressado, silencia por instantes tua casa mental em balbúrdia e mergulha nos espaços interiores profundos.
Busca tua essência.
Matura tuas conquistas.
Seleciona teus ideais.
E se o mundo não te preencher, regressa como um filho pródigo ao sítio de teu Pai e assume que te equivocaste.
Estavas perdido e foi encontrado. Estavas morto e ressuscitou.
Agora, tens porque viver.
Marta
Salvador, 18.01.2022