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Primavera de Marta - Mensagem do dia 19.07.2022



Ao nosso olhar, a história se nos afigura um mosaico de incontáveis azulejos, retratando a intensa movimentação humana nas mais diversas áreas. Conquistas militares e exaltação de seus cabos de guerra, ufanias religiosas e catedrais imponentes, fases culturais e artísticas de relevo, descobertas e viagens náuticas de desbravamento, impulsionando a conquista de outras terras, tudo numa dinâmica intensa, febril, refletindo a curiosidade humana e sua busca por dilatar o entendimento acerca da vida e da morada planetária.


Todos esses movimentos e outros mais ficaram gravados nos anais da história, constituindo o acervo de nossa curiosidade e audácia em devassar e conquistar os horizontes vastíssimos que pontuam a presença do homem no orbe que lhe serve de morada.


Igualmente, cada um carrega sua própria história, ignorada por quase todos e até mesmo não percebida pelo protagonista das cenas dramáticas. Do renascimento ao túmulo, inúmeros desafios obrigam o ser a contorcionismos de natureza moral, cultural e social para garantir desde sua sobrevivência no mundo até o emplacamento de seus ideais entre seus coevos.


A meninice pobre e desnutrida, assinalando tantos heróis da ciência e da ética, que impactaram o curso de acontecimentos célebres quando atingiram a idade adulta. A mocidade sonhadora e difícil, em meio a revoluções e guerras civis, holocaustos e insurreições, lapidando a fibra moral de homens e mulheres que alteraram o curso da história recente ou antiga.


As descobertas científicas e culturais que foram decisivas para povos e para a humanidade inteira na esteira do tempo.


E muitas vezes somente no crepúsculo da existência física é que o ser se dará conta de sua trajetória no mundo, pontuada de lances palpitantes e momentos dramáticos.


Uma vida sem cicatrizes pode atestar uma passagem em branco. Isenção de dores e dificuldades marcam existências desprovidas de embates significativos, como se o ser estivesse blindado contra as ocorrências desafiadoras.


Onde as mossas morais, construídas no ardor das grandes pelejas? Os ferimentos no sentimento, oriundos das decepções e das buscas intensas no terreno movediço das paixões por ideais abrasadores.


Sim, estaremos sempre em travessia difícil no mundo, sofrendo acirrado antagonismo daqueles que não simpatizam conosco. Dentro do próprio lar, localizaremos afetos escassos e antipatias diversas, nos obrigando ao derrame de lágrimas pungentes em momentos difíceis.


A presença de genitores idolatrados e mães sensíveis nos marcam a história pessoal de maneira indelével, nos deixando dores de difícil assimilação quando são subtraídos do corpo pelo impositivo da morte, deixando um vazio impossível de ser preenchido.


Um filho arrebatado em plena florescência juvenil. O zurzir da guerra em nossos telhados produzem quadros na história de cada um que somente seu protagonista pode dimensionar o valor.


E em meio a mudanças bruscas, revoluções tecnológicas e culturais, somos pela vida constrangidos a caminhar, recolhendo na estrada pedaços de nós mesmos.


O tempo não retrograda para fechar nossas feridas. Os fatos não se darão da mesma maneira, de modo que possamos rever atitudes e decisões.


O arrependimento nos consumirá a consciência enquanto não houver mudança de conduta e reparação da falta praticada.


Os quadros da vida se alteram num piscar de olhos e o hoje se faz ontem numa velocidade impressionante. Não é o tempo que passa. Somos nós que estamos acelerados em demasia, assaltados por agendas cheias e compromissos múltiplos, sedentos de dominar o mundo, olvidando o autodomínio.


Gostaríamos de parar a película da história, mas na maioria das vezes somos meros espectadores, sentados na sala de projeção, sem que tenhamos condições de rebobinar o filme.


Atores ou atrizes das próprias cenas ou figurantes no enredo de terceiros, não te furtes de meditar e calibrar tuas atitudes diante do outro.


Sopesa com equilíbrio tua encenação, avalia com critério tuas falas no teatro da vida e pondera com cuidado teu papel nas vidas que te cercam.


Não te faças peso morto na economia espiritual do mundo.


Não feche teu dia sem uma ação nobre em favor de alguém.


Inicia teu alvorecer no clima da prece e fecha tua noite na companhia da gratidão.


Em qualquer circunstância onde te sintas perdido no báratro da agitada vida moderna, recorda o Cristo e Nele situa tuas inquietações e cansaço, fadigas e desencantos.


Renovarás a própria alma, otimizarás teus ideais e prosseguirás rumo afora, deixando em tua estrada sinais luminosos de tua passagem, ajudando a muitos perdidos.


Algumas vidas te serviram de rota e modelo. Tua passagem no mundo não pode ser em vão.


Marta

Salvador, 19.07.2022

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