Após o domínio das letras, o homem obteve formidável ferramenta para seu próprio esclarecimento. A cultura se expandiu, o saber ampliou-se, permitindo mais amplo conhecimento acerca da vida.
E hoje, em magníficas bibliotecas e centros de cultura e artes, espalhados pelos quatro cantos do mundo temos um acervo extraordinário de nossa milenar capacidade de investigação e exame das questões que dizem respeito ao viver.
Livros que decifram o átomo.
Páginas que consolam.
Textos iluminativos.
Poesias arrebatadoras.
Pensamentos de ouro.
Descrições minuciosas de épocas, revelando hábitos e costumes de povos já extintos.
Diretrizes morais dos grandes mestres e sábios da humanidade.
E igualmente conservamos alguns alfarrábios que refletem as sombras humanas, espelhando as mentes em tresvario.
Quantas destas páginas nos impactaram? Quantas conseguiram alterar a rota de nossas existências, imprimindo salutares diretrizes!
Em descortinando outra vez as mensagens evangélicas, localizaremos páginas de ouro nas trilhas da evolução de cada um. E como se fôssemos arrebatados num veículo mágico, nos veremos também em...
Caná, assistindo aquele matrimônio onde Ele devolveu alegria na transubstanciação da água em capitoso vinho.
Contemplaremos as formosas praias do Tiberíades, sentindo o murmúrio das águas mansas deitar nas areias alvinitentes.
As narrativas nos levarão a Jericó, onde mais uma vez veremos o homem atacado por salteadores ser amparado pelo samaritano tido como herético.
Contemplaremos o pôr do sol na tarde inesquecível do local onde se deu o Sermão da Montanha.
Anotaremos o perfil facial daqueles que seguiam o Mestre em busca da esperança que o mundo lhes negou.
A altivez de Simão Pedro, a timidez de João, o olhar desconfiado de Iscariotes, a amizade sorridente de Tadeu e Bartolomeu, a curiosidade constante de Levi.
A página dourada nos deu roteiros novos e nos abriu portais jamais imaginados.
O vimos no horto, nas horas dramáticas. Sob indizível impacto, assistimos a prisão arbitrária.
Uma Jerusalém apinhada de gente desfilou diante de nossos olhos e aquele monte com três cruzes nos sugeriu uma sinfonia inacabada.
Sim, a Terra não O entendera. Ele não fora compreendido nem pelos seus coevos.
Depois, silêncio e lágrimas de saudades. Quando Ele voltará?
Do silêncio, viajamos para a prece. Da prece, para o êxtase. Deste, para a plenitude.
Ele dispensa muitas letras.
Sua vida, um poema de amor.
Sua presença, uma chuva de bênçãos.
Quem O viu, jamais O esqueceu.
Quem leu Sua biografia, nunca mais foi o mesmo.
Quando o vazio te ameace a existência; quando a noite te pareça asfixiante; quando o caudal de problemas pareça não ter fim e quando a solidão pedir agasalho em tuas províncias íntimas, abre uma página que fale D'Ele e deixa-te viajar para a Judéia de outrora.
Depois tu me contas o resultado?
Marta
Salvador, 24.08.2022