Primavera de Marta - Mensagem do dia 29.09.2022
- Casa de Jesus

- 29 de set. de 2022
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Observando os anais da história, não será difícil localizar os modelos pedagógicos e educativos que foram base da educação e da formação de valores de cada sociedade. Desde tempos imemoriais, sabe-se que na família se edifica a ética e o comportamento do indivíduo, cabendo aos genitores a tarefa precípua de orientar a prole nas trilhas da austeridade e da honradez.
Gregos, romanos, sarracenos e outros povos da antiguidade clássica, nesse particular, legaram nobres espólios de cultura e pedagogia familiar aos tempos modernos, impedindo que a constelação familiar da era tecnológica se esfacele na frieza das máquinas dotadas de inteligência artificial.
Somente se moldam caracteres diamantinos com exemplos dignificantes e prevenção aos desatinos morais pelas vias da educação do comportamento.
Ronda, na atualidade, uma grave preocupação de educadores e religiosos, sociólogos e pedagogos acerca da orientação que norteia a atual geração de crianças e jovens, diariamente expostas ao martelar das redes sociais, ao intercâmbio virtual sem tréguas para as indispensáveis reflexões e, nesse diapasão, os tipos mais estranhos e exóticos se apresentam como paradigmas de uma geração profundamente frágil, vulnerável aos exemplos indignos, esgarçando perigosamente o tecido social.
Proclama-se que os novos tempos não toleram a proibição, sendo a plena liberdade apanágio indiscutível. Abusos são chancelados por celebridades atormentadas sexualmente. O corpo tornou-se instrumento de ascensão social, gerador de riqueza pela cobiça que desperta nos assalariados da luxúria.
Academias lapidam corpos apolíneos, anabolizantes estufam músculos e tendões, construindo a esforços titânicos o corpo nota dez. E à alma nega-se o aperfeiçoamento e a educação dos sentimentos.
Enquanto o transitório, o passageiro recebe todas as loas da cultura consumista, a essência imortal transita, famélica, tentando se ajustar a inúmeras correntes de pensamento dentro e fora das quatro paredes do lar.
Se na intimidade doméstica o infante e o adolescente não identificam valores que lhe vão constituir material agregador de valores dignificantes para a vida, fogem estes para os aplicativos de relacionamentos, tentando ali localizar combustível para continuar sobrevivendo na selva de pedra.
Consultadas, religiões jazem petrificadas em uma teologia divorciada da realidade, castradora das liberdades, mais particularmente agressivas contra as mulheres, impondo a tirania dos turbantes ou aviltando a participação feminina na edificação de uma sociedade plural.
Urgente se faz uma revisão de valores, onde a autoiluminação tenha prioridade no ser em trânsito pelos caminhos da evolução. Ofertar bons exemplos às novas gerações torna-se fundamental para construção de uma identidade ética, onde o egoísmo seja desidratado, permitindo a ascensão da solidariedade, que haverá de reger os vindouros caminhos das permutas saudáveis.
Enquanto o discurso for calcado na ganância e no materialismo, uma espécie grave de cegueira moral permanecerá vedando os olhos de homens e mulheres em relação à transcendência.
Metas existenciais de longo prazo serão preteridas, se optando por decisões ligeiras, que apenas visam o gozo e a fruição de prazeres secundários.
O berço será festejado e a morte permanecerá um ponto terminal do ser, diluindo as criaturas no nada.
Impõem-se uma releitura da maiêutica socrática, ali identificando nossas eternas interrogações existenciais, ainda travos não solucionados nos caminhos de muita gente.
Em tempos de robótica e nanotecnologia, biônica e informática avançada, não se pode lançar no limbo a convivência fraterna, o intercâmbio sem interesse sexual, a convivência de ideias diferentes nos mesmos espaços, pois justamente aí reside a nossa imensa riqueza, permitindo que pensamentos contrários, filosofias discordantes e ideologias opostas possam experimentar o embate saudável, rico de possibilidades, permitindo a construção coletiva de novas formas de atuação nos vastos campos do mundo.
Haverá sempre profunda admiração pelo contributo de mentes brilhantes, que sulcaram o terreno da cultura e da educação em tempos idos, lançando sementes que ainda hoje germinam em muitos corações, mas nenhum educador teve tanto impacto quanto Jesus Cristo.
Sua pedagogia, inteiramente centrada no amor, revolucionou as diretrizes da educação moral, dilatou horizontes jamais observados e forneceu cartilha básica e acessível a todos na conquista da felicidade.
Aliando um discurso limpo e claro a uma conduta irrepreensível, sensibilizou mentes e corações para Seu projeto global de aperfeiçoamento da criatura humana.
Sua convivência pacífica e solidária com opostos, diferentes e contrários edificou uma pedagogia inteiramente nova, nunca antes experimentada.
Nenhuma utopia, a não ser servir sem retribuição.
Ausência de livros e tablet's.
O ensino está nas ocorrências diárias.
Chamamento ao aproveitamento do tempo concedido na escola terrestre. Reabilitação amorosa de alunos faltosos ou desidiosos nos deveres do aprendizado.
Extinção da culpa e ministração da responsabilidade que deve viger no cerne da alma.
Um educador admirável!
Sua escola era ambulante.
Fez de praias seu pátio de estudos profundos do existir.
Em muitas circunstâncias, optou pelo silêncio, o fazendo eloquente. Em outras situações, Sua ação enérgica arrancou alguns mortos-vivos da letargia dos sentidos.
E quando tudo parecia se consumar numa cruz de obsessão coletiva, Ele retoma o contato com a retaguarda ainda em sombras e ilumina os milênios futuros com Sua dúlcida mensagem de renovação e alegria contagiante:
- Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo.
Que ninguém perca o rumo e a direção.
Marta
Salvador, 29.09.2022



