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Quais os tipo de casamento?


O casamento, segundo nos ensina a Doutrina Espírita, pode ser definido como a união de dois Espíritos objetivando o aperfeiçoamento espiritual de ambos, conquanto possam estar em estágios evolutivos diversos. No relacionamento entre os cônjuges, Martins Peralva, no livro Estudando a Mediunidade, destaca diferenças espirituais relevantes e classifica o casamento em cinco tipos: acidentais, provacionais, sacrificiais, afins (afinidade superior) e transcendentes.[1] Vejamos cada um deles.

Os acidentais são aqueles decorrentes de um encontro de almas com pouca evolução, “almas inferiorizadas”, atraídas momentaneamente e sem identificação de ascendência espiritual. Podemos identificar este tipo de casamento entre pessoas que se encontram, mas não apresentam comprometimento espiritual anterior, não sendo tal união programada pela espiritualidade para acontecer na vida atual, decorrendo de imprevisto e casualidade. Atualmente, este casamento ainda é muito comum.


Alguns dos fatores a ocasionar a ocorrência deste tipo de casamento são: a atração momentânea, onde predomina a sensualidade; os interesses pessoais e/ou financeiros, muito conhecido em todas as épocas da humanidade; fuga do lar, em decorrência de dificuldades domésticas; união imposta, como as decorrentes de gravidez fortuita, por exemplo; vaidade, com uma necessidade de casar para se sentir bem, para mostrar à sociedade; luxúria e todos os instintos inferiores ainda presentes na humanidade terrena.


Nos provacionais observamos um reencontro de Espíritos para reajustamento, condição indispensável à evolução de ambos. São os mais frequentes em um mundo considerado de expiações e de provas, como a Terra, razão pela qual não raro verificam-se dificuldades de relacionamento entre os cônjuges, desarmonia, desconfiança e tantos outros conflitos morais, podendo mesmo, se não devidamente trabalhados, causar tragédias familiares. Este casamento decorre da misericórdia divina, a oportunizar o cumprimento da lei de causa e de efeito por meio de um convívio diário com aqueles corações compromissados, contribuindo para aflorar o perdão, o amor sincero, verdadeiro e fraternal nas lutas comuns da vida.


Para a conquista dos objetivos almejados estes casamentos são planejados na espiritualidade, constam do plano reencarnatório. A espiritualidade superior trabalha para que os Espíritos possam se encontrar e se apaixonar, sendo “magnetizados e hipnotizados”, pode-se assim dizer, permitindo encantarem-se um pelo outro, sem a interferência e a lembrança das antipatias do passado. Sem a caridosa contribuição do plano superior, o antagonismo do pretérito, mesmo que de modo intuitivo, far-se-ia presente, não permitindo a atração entre os Espíritos e o casamento provacional. A Espiritualidade, portanto, une estes corações para modificarem, pelo convívio diário, a animosidade do passado em laços de fraternidade e de amor.


Posteriormente ao casamento, o encantamento inicial vai se fragilizando ante as lembranças inconscientes do passado, as quais começam a aflorar e a desarmonizar o lar, dando início às dificuldades de relacionamento, tornando-se necessária a vivência do Evangelho, a boa vontade, a tolerância e a resignação para que a união prospere. Lembremos que quando as afinidades do sentimento não estão presentes, o casamento na Terra é tão somente um serviço redentor.[2] O Espiritismo, pelo esclarecimento trazido, auxilia sobremaneira as uniões de caráter provacional, permitindo aos indivíduos encontrarem força espiritual para continuarem caminhando para o bem e para o regaste de suas faltas.


Martins Peralva fala-nos também dos casamentos sacrificiais, quando o Pai consente num “reencontro de alma iluminada com alma inferiorizada”, com o objetivo de redimir aquela que se equivocou durante a caminhada, havendo assim a aproximação de almas espiritualmente opostas, uma mais esclarecida voluntariando-se para auxiliar a retardatária na ascensão espiritual, sendo por isso mesmo um sacrifício. Quando se ama não se consegue ser feliz se na retaguarda, em condição de sofrimento e dor, está o destinatário de nossa afeição.


Nesta situação, a alma iluminada retorna com aquele coração amado para através do amor, do exemplo, da renúncia e da resignação, estimular-lhe a caminhada para Deus. Uma alma já se encontra iluminada pelas lutas redentoras, mas a outra ainda precisa da luz para deixar as trevas, sendo o evangelho o caminho a nos conduzir durante esta jornada evolutiva, sendo estimulante da harmonia e do amor fraternal.


Os chamados casamentos afins, explica-nos o autor de Estudando a mediunidade, são aquelas uniões decorrentes da lei da afinidade, quando Espíritos amigos reencontram-se para a consolidação de afetos. Verifica-se, aqui, a reunião de almas mais esclarecidas espiritualmente e que se afinam no amor, na amizade e na comunhão com as leis divinas, permitindo o casamento a consolidação dos laços de afeição. Na Terra, pela condição ainda muito imperfeita de seus habitantes, o número de casamentos afins é bem mais reduzido, mas não deixa de existir.


Já os transcendentes, bem mais raros se comparados com os afins, decorrem de “almas engrandecidas no bem e que se buscam para realizações imortais”, segundo se verifica na sequência das observações feitas por Martins Peralva. Podemos afirmar dar-se o reencontro desses Espíritos, no plano material, objetivando realizações em prol da humanidade, com uma finalidade superior, muito além dos nossos interesses pessoais e egoístas. Esses Espíritos, pela evolução já alcançada, buscam e trabalham pelo bem, trazem uma felicidade muito acima das paixões e vulgaridades terrena, decorrendo de amor puro e verdadeiro.


Durante a nossa caminhada evolutiva natural será passarmos todos, em algum momento, pelos diversos tipos de casamento. Normalmente, fica-se bom tempo vivenciando os primeiros até haver merecimentos para se desfrutar, no plano material, de união construída com base na afinidade superior ou no amor transcendental. Nos casamentos transcendentais e afins, por serem estáveis e baseados no amor, não há divórcio ou mesmo relações extraconjugais, assim como por parte da alma iluminada da união sacrificial. Por fim, significa o casamento oportunidade sublime de reajuste e, em menor incidência, consolidação de laços de afinidade e de amor.

[1] XAVIER, Francisco Cândido. Nos domínios da mediunidade. Pelo Espírito Martins Peralva. [s.l.]: FEB, [2009?]. p. 135.


[2] XAVIER, Francisco Cândido. Nos Domínios da Mediunidade. Pelo Espírito André Luiz. XAVIER. [s.l.]: Luz Espírita. 2011. p. 68..

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